No ritmo intenso da aceleração contemporânea, este livro de Maria Auxiliadora Figueiredo-Nery recupera a força plástica da memória para pensar a vinculação entre vivência e atividade docente. O relato mobiliza traços da memória individual e coletiva em um processo marcado pela observação, leitura e escuta, ao mesmo tempo em que afetos e conjunturas encharcam as cenas de formação da autora, repercutindo em seus trabalhos nas diferentes salas de aula onde atuou.
Mas o que indicam as forças da vivência nesses relatos tão interessantes? O que há de comum entre os anos de formação e as práticas de sala de aula? O elo de convergência está na intensificação máxima do impulso lúdico mediante a mais íntima ligação entre o aprender e o viver. As etapas do seu processo de formação caracterizam-se pela valorização crescente da necessidade do pensamento criativo. Por isso, valorizou as atividades lúdicas e o forte apelo à imaginação recebidos como herança dos avós; considerou a força empreendedora dos pais que inovavam os recursos cotidianos para a sobrevivência; analisou criticamente os entraves da educação livresca.
Pela recusa às fórmulas mais fáceis, a educadora levou para a(s) sala(s) de aula a capacidade de associação entre vários saberes para estimular os futuros professores a explorarem o mundo de maneira sensorial, intelectual e crítica. Assim estabeleceu na prática docente a integração entre diversos campos e disciplinas a partir de experiências variadas: as suas e as resultantes da escuta atenta de seus educandos.
Os relatos deste livro deixam ao leitor a sugestão de que inovar na educação também é percorrer o labirinto das significações das forças presentes na memória, em cantos e contos detalhadamente observados e transmitidos e, sobretudo, na prática de ouvir as vivências que trazem histórias densas, ricas e multifacetadas.
No momento em que os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) mais uma vez mantêm o Brasil entre as piores colocações no ranking divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), vale a pena ler Vivências & Docências, visto que apresenta depoimentos e estratégias possíveis de sensibilizar futuros professores para a importância da ludicidade na formação de crianças como sujeitos criativos, potentes e críticos.
SUMÁRIO9 Prefácio
15 Introdução
21 Capítulo I
O Começo
37 Capítulo II
da Graduação à Docência: Preliminares
43 Capítulo III
Práticas Educativas Lúdicas no Curso de Pedagogia: Ensino, Extensão, Pesquisa
135 Capítulo IV
Educação, Ensino e Ludicidade: Pesquisa em Grupo
175 Capítulo V
Relatos de Ex-alunas do Curso de Pedagogia
197 Capitulo VI
Comentários Finais
199 Referências
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