Há muito tempo que eu e o Antonio Brasil vínhamos programando uma parceria entre os dois laboratórios do curso de jornalismo, da Faculdade de Comunicação Social da UERJ, o de Vídeo – Labvídeo, por ele coordenado, e o de Editoração Eletrônica – LED, coordenado por mim e pelo professor João Pedro Dias Vieira. Quando o Antônio me convidou para fazer um livro com as conferências e os debates realizados durante o encontro de Telejornalismo e Novas Tecnologias, organizado durante o lançamento do programa de telejornalismo on-line (TJUERJ), estava criada a oportunidade. E o momento não poderia ser melhor: nós, no LED estávamos começando a desenvolver uma linguagem para CD-ROM, e esse encontro ofereceu a oportunidade única de se fazer um produto dentro de uma perspectiva multimidiática.
Esse livro, acompanhado de CD-ROM, é fruto de diversas linguagens: a primeira, de transcrição da linguagem oral para a escrita, o que quer dizer fidelidade ao pensamento e às idéias e não ao texto transcrito; a segunda, uma opção de estilo, procurando resguardar o aspecto coloquial do debate; e a terceira, a linguagem da imagem em movimento reproduzida no CD. A passagem do texto oral ao escrito é, verdadeiramente, uma tradução, uma vez que a reprodução ipsis litteris, muitas vezes, não faz sentido. A linguagem oral é de natureza enfática, omitem-se verbos, transformam-se orações circunstanciais em sujeito.
Toda tradução é fruto de um recorte, uma opção, um caminho entre os múltiplos possíveis. Nossa opção seguiu os seguintes critérios: nos textos relativos às conferências, valorizamos os conteúdos conceituais e eliminamos as observações coloquiais; na transcrição dos debates, mantivemos seu ritmo respeitando o aspecto coloquial e interpessoal, ou seja, as referências pessoais, as críticas mais exacerbadas. No CD-ROM, ficamos com o aspecto verdadeiramente expressionista da linguagem oral, a frase forte, que dispensa a sintaxe. Os temas foram organizados de maneira a não se repetirem, na conferência, na reprodução do debate e nas imagens em movimento do CD.
A informação contida nas imagens em movimento não é uma reprodução do texto escrito, é uma outra leitura. Na nossa concepção, a linguagem multimidiática não é uma redundância, é uma complementaridade. Alguns poucos conceitos ou idéias podem estar repetidos, mas não na mesma frase ou no mesmo contexto.
Eu não pude participar do encontro, pois estava fazendo uma viagem de estudo, à França, justamente fazendo pesquisas na área das novas tecnologias. Mas foi um enorme prazer ouvir os debates e assistir aos vídeos, para transformá-los em linguagem escrita. Espero ter conseguido passar aos leitores o prazer dessa leitura, que teve um duplo objetivo: por um lado transcrever os conceitos e idéias; por outro, guardar o aspecto coloquial e expressionista do debate. E isso só é possível com a linguagem de multimeios.
Quero encerrar essa apresentação, já um tanto longa, repetindo a afirmação do Luís Carlos Bittencourt, que chama a atenção para essa relação intrínseca entre o jornalismo e o texto escrito: “Fundamentalmente, a questão do jornalismo vai ser sempre uma questão de um bom texto”. A tecnologia digital abre novos caminhos para as linguagens híbridas nos meios de comunicação. O CD-ROM produzido pelo Laboratório de Vídeo e pelo Laboratório de Editoração Eletrônica é o nosso primeiro esforço de produção dessa linguagem de síntese.
SUMÁRIO
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