Quem tem medo de mal-assombro?: Religião e Infância no semiárido nordestino

Autor/Organizador: Flávia Ferreira Pires
R$ 23,00R$ 46,00
20% DE DESCONTO

Nesta contribuição singular para a Antropologia Social, Flávia Ferreira Pires aborda o tema da religião e do sobrenatural legitimando a linguagem e a visão de mundo das crianças.

Digital
Impressa
Limpar

Consulte o frete e prazo estimado de entrega:

Não sei meu CEP

Quem tem medo do mal-assombro: religião e infância no semiárido nordestino já nasceu vocacionado a ser um clássico, introduzindo no Brasil a vertente de estudos antropológicos sobre a infância e desde a ótica das epifanias do sagrado, muito embora o livro não trate unicamente de crianças, mas também de adultos, de vivos e de mortos. A autora, desde a sua formação nos quadros do curso de graduação em Ciências Sociais da UFMG, a qual tive a honra e o privilégio de acompanhar de perto, já prenunciava a pesquisadora destemida e brilhante que o livro que agora vem a público atesta. Flávia nos convida a entrar no mundo do sagrado infantil, fazendo ecoar um outro convite, feito há exatos 73 anos por Michel Leiris no seu fabuloso Le sacré dans la vie quotidienne. Se com o segundo aprendemos que o sagrado é qualquer coisa de prestigioso, de insólito, de perigoso, de ambíguo, de interdito, de segredo, de vertiginoso, de sobrenatural, e cuja noção desenvolvemos na mais tenra/terna infância a partir da experiência de objetos, de lugares, de circunstâncias, de personagens (humanos e extra-humanos), como o chapéu de seu pai, o quarto parental, o banheiro, a salamandra, o hipódromo de Auteil, etc., que povoaram seu mundinho infantil e o educaram para o multiverso da força mágica, logo do poder criador da vida, Flávia nos ensina, numa fantástica etnografia da ontologia dos mal-assombros que, na Catingueira, e para as crianças, o sagrado assume a forma de vampiro, de bruxa, do Homem do Saco, do Papa-figo, da Rasga-mortalha, da Maria Fulozinha, do Gasparzinho (o Fantasminha Camarada), e vários outros personagens da TV, assim como de “acontecimentos inexplicáveis como uma zoada estranha, um vulto, uma bandeira branca, um pano branco, um peso na garupa da bicicleta, um clarão, uma sombra fria, uma gargalhada”; e ainda: “uma tocha de fogo, um assovio, uma voz estranha, uma réstia na parede, uma mão branca cheia de pelos. Sem falar no bicho-papão, no lobisomem, na Mulher de Branco, no espírito de luz,  no zumbi, na Cuca, no esqueleto, na mula sem cabeça, no Diabo, na Morte e nos animais como aranha caranguejeira, morcego, barata, cobra, cobra de cinco cabeças, rasga-mortalha (coruja), jacaré”. Conclui, dando droit de cité às crianças, afirmando que elas não somente têm “a sua visão do mundo”, reconhecendo que uma tal visão de mundo é “uma interpretação plausível, que ilumina aspectos do real que talvez estivessem obscuros a um adulto”, nos ensinado de modo cabal “a legitimidade da linguagem infantil como discurso elucidativo e analítico”. Vai mal-assombro ser gauche na vida…

Léa Freitas Perez

SUMÁRIO

sumario

  • Prefácio
  • Apresentação
  • Introdução
  • Capítulo 1 Ser adulta e pesquisar crianças: explorando possibilidades metodológicas na pesquisa antropológica
  • 1.1 Introdução
  • 1.2 Ser adulta e pesquisar crianças
  • 1.3 Desenhos e redações: condução, considerações e resultados
  • 1.4 Delimitando a realidade social das crianças: outras técnicas de pesquisa utilizadas
  • 1.5 Conclusões
  • Capítulo 2 Cidade, casa e igreja: sobre Catingueira, seus adultos e suas crianças
  • 2.1 Introdução
  • 2.2 A cidade de Catingueira
  • 2.3 Ser criança em Catingueira
  • 2.3.1 A criança pequena
  • 2.3.2 Organização doméstica
  • 2.3.3 A família e a criança
  • 2.4 Conclusões
  • Capítulo 3 Quem tem medo de mal-assombro?
  • 3.1 Introdução
  • 3.2 Sobre a definição do mal-assombro
  • 3.3 Cristianização das crianças e dos mal-assombros
  • 3.4 Quem tem medo de mal-assombro?
  • 3.5 Conclusões
  • Capítulo 4 O que as crianças pensam sobre religião?
  • 4.1 Introdução
  • 4.2 A inserção religiosa da criança pequena
  • 4.2.1 A benção
  • 4.2.2 A oração
  • 4.2.3 Agência religiosa infantil
  • 4.3 Sobre a irrelevância do significado
  • 4.4 Conclusões
  • Capítulo 5 Como se faz uma pessoa religiosa – ou, simplesmente, como se tornar um catingueirense
  • 5.1 Introdução
  • 5.2 Tornar-se religioso
  • 5.3 A religião e a agência dos mortos
  • 5.4 Fantasia ou realidade: o caso dos adolescentes e dos adultos
  • 5.5 Conclusões
  • Conclusões
  • Referências bibliográficas
  • Anexo 1 Desenhos com o tema “A minha religião”
  • Anexo 2 Desenhos com o tema “O mal-assombro”
  • Anexo 3 Outros desenhos
  • Peso 0,5 kg
    Dimensões 1,4 × 16,0 × 23,0 cm
    Idioma

    Ano

    2011

    Edição

    1

    ISBN

    978-85-7650-307-1

    Páginas

    278

    Versão

    ,

    Avaliações

    Não há comentários ainda.

    Somente clientes logados, que já compraram este produto, podem deixar um comentário.

    Produtos vistos recentemente