Os quatro autores comentados neste segundo e último volume do livro elaboraram pensamentos ecológicos relevantes para se pensar o tempo presente da Era do Capitaloceno, posto que alimentam-se tanto de observações empíricas de primeira mão quanto de mediações científicas, que se multiplicaram com o passar das décadas, provenientes não apenas da ecologia, mas de um número crescente de outras áreas, além da filosofia. Como os demais sete autores do primeiro volume, são pensamentos polifônicos e interdisciplinares, tendo em vista que as crises observadas do capitalismo não podem ser definidas com recurso apenas a análises de natureza econômica, política e cultural: as determinações dessa transformação percorrem as diversas esferas da sociedade, entrelaçando a economia com a política, as disputas geopolíticas e as distintas formas de conflito entre capital e trabalho, bem como a dimensão cultural nas mais variadas formas de sentir, pensar e se expressar. Todos mantêm o olhar em seu próprio tempo, dele tomam distância e, com coragem suficiente para acenderem sozinhos uma lanterna no rosto escuro de sua época, percebem fatos que são opacos ao senso comum, postura que, no tempo presente, mostra-se ainda mais necessária, frente à epidemia de notícias fraudulentas (fake news), símbolo político triunfante do delito praticado sob os auspícios de uma visão leniente da liberdade de expressão.
Com este livro em dois volumes, o autor espera contribuir para o reconhecimento de que as ciências sociais (sociologia, antropologia, ciência política), com seus conhecimentos – que são críticos da realidade e não podem deixar de sê-lo sem trair seu ethos -, e as filosofias, com suas reflexões, não são elaborados como uma ameaça, mas sim como recursos epistêmicos potentes para a intervenção na sociedade, desde que mulheres e homens queiram se autogovernar, visando à autogestão, a um outro sistema social e a um outro modo de vida, no qual se respeite o meio ambiente, os povos indígenas, as populações etnicamente diversas e uma imensa variedade de manifestações culturais. Uma civilização ecológica, libertária e pacifista é possível no planeta Terra!
SUMÁRIOIntrodução 13
Bernard Charbonneau 33
Uma vida enraizada na Terra, com a ecologia se impondo como o único caminho para a liberdade em meio a um desenvolvimento que nos conduz a uma catástrofe socioambiental
Jacques Ellul 67
O crítico intransigente da sociedade tecnicizada, voltado à construção de uma sociedade do vínculo, pequena, horizontal e convivial, com respeito ao meio ambiente
Ivan Illich 105
A defesa da desinstitucionalização de valores hegemônicos para uma sociedade da convivialidade, com a amizade e o resgate dos comuns em nossa estadia terrena
Cornelius Castoriadis 167
A expressão ecológica de uma filosofia política em seu enfrentamento com o imaginário capitalista: autonomia e autolimitação, fundamentos das sociedades democráticas
Síntese dos Cadernos Epistêmicos I e II 221
à guisa de considerações extemporâneas
Apêndice 1 281
A teoria da proporcionalidade de Leopold Kohr
Apêndice 2 287
Características gerais do ecossocialismo e de algumas de suas propostas
Apêndice 3 297
Treze observações sociológicas para a construção de juízos de inteligibilidade com um olhar crítico e politizado do mundo em que vivemos
Notas 313
Referências Bibliográficas 373
Sobre o autor 395
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