O progresso da ordem (…) adota uma postura interpretativa que busca reler o florianismo dentro de uma visão macropolítica em cujo centro está o tema da ordem republicana, ou melhor, das várias ordens republicanas possíveis naquele momento histórico (e também um pouco histérico).
Duas características, entre outras, são, a meu ver, responsáveis pela riqueza analítica da proposta. A primeira é não perder de vista, apesar da ênfase no florianismo como movimento social, a estreita, embora tensa, vinculação entre líder e seguidores, em um processo de mútua constituição. A segunda, ainda mais importante, é a vinculação entre o que o autor chama de florianismo governamental e florianismo de rua, freqüentemente tratados sem a devida integração. (…) Lincoln traz um novo entendimento do florianismo ao distinguir e integrar as suas dimensões do fenômeno.
Trata-se de visão há um tempo complexa e sugestiva de um período histórico confuso e rico, marcado pelo embate entre direções distintas para o novo regime. Complexa ao perceber as tensões presentes nas relações entre Floriano e seu seguidores e entre os dois florianismos, que Lincoln aproxima da experiência francesa do bonapartismo e batiza com a significativa expressão de progresso da ordem que serve de título ao livro. Sugestiva ao abrir o campo para outras variações em torno do tema da ordem republicana.
José Murilo de Carvalho
SUMÁRIO
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