Este livro é versão modificada da dissertação de mestrado de Samuel Silva Rodrigues de Oliveira, defendida junto ao Programa de Pós-graduação em História da UFMG, em setembro de 2008. O autor, que tive a satisfação de orientar, trabalhou por três anos no projeto de organização do acervo documental do extinto Departamento de Ordem Política e Social de Minas Gerais (Dops-MG), organismo policial que durante seis décadas vigiou e puniu os grupos e os indivíduos considerados nocivos à ordem. Durante aqueles anos de aprendizado no Arquivo Público Mineiro, em meio à enorme massa documental produzida ou apreendida pelos policiais, ele deparou-se com a rica trajetória de um movimento social que atraiu a preocupação dos agentes de segurança: os favelados.
Demonstrando persistência, inteligência e sensibilidade, Samuel Oliveira analisou, em seu trabalho, aspecto importante mas pouco conhecido de nossa história. O movimento dos favelados foi capítulo significativo das lutas sociais da década de 1960, parte do processo de politização que empolgou numerosos setores da sociedade brasileira no mesmo período, movidos pelo sonho de realizar reformas para minorar as mazelas sociais do país. Como outros movimentos sociais semelhantes, as associações e a Federação dos Favelados cresceram e aumentaram sua influência nos primeiros anos da década, mas tiveram esperanças e utopias destruídas pelo golpe de 1964.
Além de usar fontes inéditas e um amplo arco documental, que vai dos registros policiais às fontes orais, o autor lançou mão de recursos teóricos sólidos para sustentar a análise, recolhendo contribuições, principalmente, da história política (nova) e da história cultural para construir o arcabouço conceitual da pesquisa.
Posso dizer com segurança que o leitor tem nas mãos contribuição fundamental para compreensão da nossa História Social e Política, tanto a de Minas Gerais quanto a do Brasil, em texto que oferece, simultaneamente, argumentos consistentes e leitura agradável.
Rodrigo Patto Sá Motta
SUMÁRIO
Avaliações
Não há comentários ainda.