A Guerra do Paraguai, apesar de tema muito presente no imaginário social, paradoxalmente, não tem sido objeto de estudos mais aprofundados. O Cerne da Discórdia – A Guerra do Paraguai e o Núcleo Profissional do Exército Brasileiro, que o leitor tem em mãos, é um destes estudos. O livro de Vitor Izecksohn, pesquisador do assunto desde os anos de 1990, vem a se somar aos ainda poucos trabalhos que, a partir destes mesmos anos de 1990, têm contribuído para esclarecer a dimensão real do significado da guerra na história do Brasil. Tarefa que ultrapassa o âmbito de uma relevância meramente acadêmica, já que contribui para a formação de uma memória coletiva que resgate o sofrimento, a opressão, mas também a bravura, o desprendimento daqueles que, voluntários ou forçados, participaram da guerra. A ninguém interessa, a não ser àqueles que se transmudando continuam detendo um poder que se caracteriza historicamente pela brutal exclusão social e cultural, que o contrário do ufanismo vazio seja o exercício, mesmo que inconsciente, da autodepreciação.
Ricardo Salles
Professor da Faculdade de Formação de Professores
da UERJ e do Departamento de História da UNI-RIO.
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