Quando negociei o Sorria, você está na Rocinha com a Record, a editora Luciana Villas Boas me fez uma exigência: “Leia a matéria que o Jorge Antônio Barros publicou no JB na década de 1980.” A matéria em questão, um caderno inteiro editado por Zuenir Ventura, deve estar entre as 10 melhores reportagens de todos os tempos do jornalismo carioca.
Jorge Antônio Barros, hoje um importante editor do jornal O Globo, não participou sozinho daquela empreitada, que mapeou os personagens principais da maior favela da América Latina e culminou com a entrevista de Sérgio Bolado, na época o lugar-tenente do mitológico Dênis da Rocinha.
Ele estava com Alcyr Cavalcanti, uma lenda viva do foto jornalismo carioca. Desde então, ele nunca mais se desligou da Rocinha, nem da questão que pautou os últimos 20 ou 30 anos do Rio de Janeiro: a segurança pública. Suas milhares de fotografias, muitas delas registradas em exposições sempre de grande impacto visual, contam uma história do Rio de Janeiro poucas vezes contada.
Depois de produzir para a academia uma bela dissertação de Mestrado, Alcyr enveredou pela literatura, produzindo um romance ambientado numa favela fictícia do Rio de Janeiro nas proximidades de um carnaval. É mais uma demonstração do talento múltiplo desse filósofo do ICHF, que se aproximou da fotografia por causa do seu amor pelo cinema.
Se você sempre teve muito apreço a seus sapatos e não gasta suas solas pelas vielas das comunidades populares do Rio de Janeiro, corra até o caixa e pague satisfeito esta brochura. Ler um livro de um cara que entende tanto do Rio é uma experiência ímpar. Conto nos dedos de uma das minhas mãos as vezes em que tive tamanho privilégio.
Julio Ludemir
Jornalista e escritor
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