É com enorme satisfação que apresentamos esta coletânea. Ela reúne os seis artigos premiados no VIII Prêmio Antropologia e Direitos Humanos Edição 2018 – Antropologia e Direitos Humanos:"violências ativismos e direitos", organizado pela Associação Brasileira de Antropologia, na gestão (2016-2018) dos professores Lia Zanotta Machado (presidente) e Antônio Mota (vice-presidente), através da Comissão de Direitos Humanos. Trata-se da oitava edição desse concurso, iniciado em 2000, com o patrocínio da Fundação Ford, até 2008 e continuado com apoio integral da própria ABA. As sucessivas edições do certame tiveram como resultado, além do reconhecimento da temática abordada e dos autores e trabalhos premiados, sete coletâneas reunindo discussões de referência fundamental no campo da Antropologia e dos Direitos Humanos. O objetivo do prêmio é estimular, apoiar e divulgar trabalhos que versem sobre a contribuição da Antropologia para diversas áreas relativas à temática dos Direitos Humanos.
Nessa edição, o prêmio enfatizou particularmente os temas de "Violências, ativismos e direitos", na expectativa de contribuir para o debate sobre o papel da antropologia e sobre nossa atuação profissional no que diz respeito ao campo dos direitos humanos. Em particular, entendemos que, no contexto atual, esses temas são centrais não apenas para sua reflexão, discussão e divulgação, mas também para a sobrevivência e resistência das antropólogas e antropólogos, bem como dos parceiros e parceiras das nossas pesquisas, atuações e múltiplos engajamentos.
Em um momento em que, desde altos cargos, preza-se publicamente pelo "fim dos ativismos", chama-se os direitos humanos de "desserviço ao nosso país", ameaça-se de morte e perseguição aos defensores e defensoras desses direitos, desde a Comissão de Direitos Humanos queremos afirmar a importância de uma antropologia pública, em e para a ação, engajada nas suas interlocuções e formas de pensar e agir no mundo. Assim, com essa edição do prêmio e com a publicação desta coletânea, almejamos contribuir na promoção da luta de todas e todos as/os defensora/es de direitos humanos que sofreram e sofrem violências físicas e morais e cujos engajamentos políticos e sociais têm sido e são fundamentais nas demandas por justiça e por uma sociedade igualitária e democrática. Dedicamos esta publicação à vereadora eleita pela cidade do Rio de Janeiro, mulher negra e favelada, Marielle Franco, brutalmente executada, junto com seu motorista Pedro Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018. No nome dela, reconhecemos e homenageamos a luta de todas as defensoras e defensores de direitos humanos.
Especificamente, em relação à presente edição do Prêmio, destacamos que a mesma teve um total de 32 inscrições, 8 na categoria doutorado, 12 no mestrado e 12 na graduação. Em cada categoria foram concedidos um prêmio e uma menção honrosa, destacando os trabalhos mais bem avaliados, conforme os critérios de: originalidade do tema abordado, pertinência teórico/metodológica, aportes e articulação com a temática dos DH e qualidade da redação. Cada categoria foi coordenada por membros da comissão e contou para o trabalho de avaliação com 27 professores e pesquisadores que colaboraram como pareceristas às cegas de diferentes programas de pós-graduacão e instituições de estados diversos. A todos eles agradecemos enormemente a participação e colaboração. Como sempre, contamos com o apoio e o eficiente trabalho de Carine Lemos e de Roberto Pinheiro, da equipe administrativa da ABA, a quem agradecemos também. De forma mais geral, agradecemos o empenho e apoio íntegro da presidenta Lia Zanotta Machado e da atual gestão sob a condução da professora Maria Filomena Gregori e do professor Sérgio Luís Carrara em especial em relação à publicação deste volume.
Por fim, destacamos também que os autores premiados nessa edição representam programas de pós-graduação e cursos de graduação de diversas instituições e estados do Brasil (Amazonas, Bahia, Distrito Federal e Rio Grande do Sul).
Sobre os artigos
SUMÁRIOApresentação 7
Lucía Eilbaum | Patrice Schuch | Gisele Fonseca Chagas
TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO NOS PIAÇABAIS EM BARCELOS-AMAZONAS: ENTRE A "HONRA" E A "JUDICIALIZAÇÃO" 13
Elieyd Sousa de Menezes
Da tortuosa elucidação do trágico:
a agência da noção de bullying em meio
a eventos extremos de violência juvenil 48
Juliane Bazzo
A vida em devir como forma de resistência: etnografia de
uma resistência entre-políticas 86
Alexandre Bosquetti Kunsler
"De canoa até o hospital": Processos de transformação e medicalização das práticas de parto em quilombos do
Recôncavo Baiano 118
Naiara Maria Santana Neves
O GÊNERO NA RUA: UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO COM AS
MULHERES EM SITUAÇÃODE RUA EM PORTO ALEGRE 146
Caroline Silveira Sarmento
O encontro de justiças: transposição e subversão da modernidade em práticas de justiça no Timor-Leste contemporâneo 188
Henrique Romanó Rocha
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