Na Índia, um país de 900 milhões de habitantes em que a maior parcela da população professa a religião hindu, a vaca é considerada um animal sagrado e, por isso, intocável.
Em nossa sociedade, tipicamente ocidental, a expressão "vaca sagrada" é utilizada para identificar conceitos e filosofias cristalizadas pelo tempo e, desta forma, também consideradas intocáveis. Geralmente, os diversos atores sociais envolvidos no processo sequer param para avaliar e questionar o anacronismo de certos conceitos e idéias pois, para isso, seria necessária uma capacidade de reflexão que se tornou produto raro em nossos dias.
A sabedoria humana está (ou estaria) em estimular uma diversidade tão grande quanto possível de idéias e conceitos para evitar as verdades absolutas ou, como dizia Nelson Rodrigues, a unanimidade burra, geradora de preconceitos e radicalismos.
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Mas eliminar uma "vaca sagrada" é tão difícil na Índia quanto em nossa sociedade ocidental, onde é mais fácil seguir os poderosos meios de comunicação – (de)formadores de opinião – que alimentam esse "animal" que é nutrido e ao mesmo tempo alimenta o status-quo.
Na impossibilidade de abater uma "vaca sagrada", é recomendável – aos que enxergam os malefícios do "bicho" – que o sangrem sempre que possível. Então estaremos contribuindo para mostrar que há vulnerabilidades e que, aos poucos, poderemos transformá-la em "vaca profana", e assim, mandá-la p'ro brejo.
SUMÁRIO
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