Quando fui convidada a escrever o prefácio desse livro, fiquei pensando se o convite seria pela imensa amizade com a autora, a quem tenho profundo apreço e admiração, pela competência, foco, energia e determinação em suas realizações. Entretanto, à medida que fui lendo a obra, tão cuidadosamente elaborada, estabeleci diversas conexões com a minha atuação como psicóloga e professora, com o contexto em que vivemos e as relações que se formam entre indivíduos e marcas.
Vivemos num mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, num movimento contínuo de transformações que provocam a releitura e a inovação constantes, dos profissionais, das marcas e organizações que pretendem continuar no mercado. A convivência das diversas gerações, com o aumento da longevidade, a busca pelo sentido do trabalho e o desenvolvimento do potencial humano têm direcionado a humanização das relações nas organizações e o maior engajamento dos estudantes em sala de aula, através do uso de metodologias ativas que os tornam protagonistas do processo e centro da aprendizagem.</p>
Ao ler o livro A Comunicação Multissensorial − Compreendendo modos de sentir é notória a transformação nas relações entre consumidores e marca, assim como entre professores e estudantes, líderes e liderados, organizações e colaboradores. Há uma nítida mudança da disputa pela presença da marca na maior quantidade de meios de divulgação, ampliados exponencialmente com as mídias sociais, para a memória do sujeito, através da experiência sensorial com a marca, que passará a ser lembrada quando associada à memória afetiva, fortalecida e evocada pela lembrança de momentos de emoção ou contato agradável. Seu principal objetivo, alcançado com louvor, é “tratar questões referentes ao campo de estudos da comunicação mercadológica, mais especificamente, sobre as questões que envolvem a ideia de marcas sensoriais como mnemotécnicas: a evolução de estratégias de comunicação mercadológica planejadas para criar vínculos memoráveis em seus públicos-alvo”.
A autora utilizou uma base teórica sólida, abordando a importância dos sentidos na percepção do mundo e no desenvolvimento das subjetividades. Traça um histórico da construção do espaço urbano e faz um paralelo com a formação do indivíduo, abordando os autores da psicologia sócio-histórica que valorizam o ambiente como um fator influenciador na construção do sujeito, fundamentação essencial para a compreensão da comunicação multissensorial como estratégia de marca. Em seguida explora a percepção através dos sentidos, dando significado às experiências que são retidas na memória. Os sentidos que nos aproximam do mundo e nos fazem transgredir algumas convenções quando vemos um ambiente “frio” ou sentimos o “calor” de um momento agradável.
O uso dos sentidos pela publicidade não é algo novo. Entretanto, Ana Erthal dá significado às estratégias multissensoriais como cultura comunicativa, não pelo modismo, mas com base científica, oferecendo aos estudantes e profissionais de Comunicação, uma obra de grande valia para compreensão do processo e tomada de decisão mais consciente em relação à comunicação mercadológica entre marcas e pessoas, na contemporaneidade.
Boa leitura!
Joyce Ajuz Coelho
Doutora em Comunicação e Cultura
SUMÁRIOSumário
1. Os estímulos sensoriais no espaço urbano
2. Sentidos na memória
3. Estratégias dinâmicas de comunicação para o consumo
4. A memória das marcas
5. Modos de sentir
Referências
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