Apresentação
Indicadores são ferramentas de medição usadas para avaliar e quantificar o desempenho de diversos aspectos e têm diferentes propósitos, tais como: Avaliação de desempenho; Tomada de decisão estratégica; Monitoramento; Estabelecimento de metas; Otimização de recursos; entre outros. Além disso, são usados em contextos específicos, como na atividade científica, por exemplo.
Indicadores de desempenho científicos são ferramentas fundamentais para medir a atividade científica, e seu uso e métricas tornou-se comum na avaliação da qualidade e desempenho da pesquisa no mundo todo, desde meados do sec. XX1. Neste sentido, a análise bibliométrica e cientométrica tornaram-se cada vez mais usual e, vem utilizando ferramentas analíticas de produção científica, como o InCites2 da Clarivate, entre outros para levantamento e análise dos dados3.
As métricas utilizadas para avaliar os pesquisadores, em geral, referem-se tanto a quantidade (total de artigos publicados, livros e capítulos de livros etc.) como a qualidade (citações, impacto dos periódicos etc.). Tal abordagem é baseada na ideia de que um melhor desempenho corresponde a artigos em bons periódicos e mais citações, prêmios etc.
E, justamente na esteira das métricas e das bases de dados disponíveis, surgiram inúmeros rankings de produtividade científica que têm crescido e se diversificado ao longo dos anos, com diferentes metodologias e indicadores para avaliar as instituições e seus pesquisadores individualmente.
O primeiro ranking nacional de instituições foi publicado em 1983, nos Estados Unidos; e, o primeiro ranking internacional foi realizado pela Shanghai Jiao Tong University, na China, em 2003, denominado Academic Ranking of World Universities (ARWU), existente até hoje. E, desde então, surgiram outros rankings internacionais, como: o Times Higher Education (THE), o SCImago Institutions Ranking (SIR), entre outros, que diferem na metodologia e indicadores usados. No Brasil, o ranking Universitário Folha (RUF), foi criado em 2012, pela Folha de S. Paulo, e classifica as universidades brasileiras, públicas e privadas, a partir de cinco indicadores: pesquisa, internacionalização, inovação, ensino e mercado4.
Como dito, também existem rankings de produtividade científica individual, cada um com suas próprias metodologias e critérios, como: AD Scientific Index (Índice Científico Alper-Doger)5; Academic Ranking of World Universities (ARWU) publicado pela Shangai Jiao Tong University, citado anteriormente6; The Times Higher Education World University Ranking (THE), mantido pelo The Times7; entre outros.
Recentemente, em novembro de 2023, saiu a Lista “Pesquisadores Altamente Citados 2023” do Institute for Scientific Information (ISI), que tem 7.125 nomes, dos quais 19 são brasileiros8, considerando exclusivamente o número de artigos e total de citações nas áreas do conhecimento examinadas.
Neste livro, utilizamos o Updated science-wide author databases of standardized citation indicators, elaborado anualmente pelo professor John P. A. Ioannidis em parceria com pesquisadores da Universidade Stanford (EUA), e publicado pela Public Library of Science (PLOS) em 2021, visando ranquear os 100 mil cientistas mais influentes do mundo em suas respectivas áreas de atuação, usando os registros da base de dados Scopus9. O ranqueamento é feito a partir de indicadores de citação múltiplos: citações de artigos usando diferentes posições de autoria, índice de coautoria, número de artigos publicados e autocitações, entre outros10. E, todos os dados levantados para todas as edições do ranking encontram-se disponíveis para download.
Um ponto a considerar na pesquisa é que a PLOS Biology, onde foi publicado o ranking, tem um viés mais voltado para a área das biociências, o que justifica o fato de que algumas áreas do conhecimento terem poucos pesquisadores fazendo parte da amostra.
Dentre os 100 mil pesquisadores considerados neste ranking, 785 residem no Brasil, correspondendo a 0,78% do total, sendo 639 nascidos no Brasil e 146 estrangeiros residentes no país.
Este livro representa um exercício realizado por um grupo de professores, doutores e mestres que se debruçou para verificar quem são os residentes no Brasil citados nesse ranqueamento da PLOS, referente ao ano de 2021. Sem o propósito de comparação, apenas verificar no âmbito desse vasto contingente de pesquisadores identificados pelo ranking, quais estão ligados a instituições brasileiras. Para tanto, informações foram prospectadas e analisadas utilizando vários softwares para identificar o perfil do grupo, as informações contidas nos currículos Lattes, suas áreas de conhecimento CAPES, entre outros aspectos. Cabe destacar que o acesso as informações do Lattes dos pesquisadores pelo ScriptLattes, foi feita de forma célere, devido a inestimável colaboração do Prof. Jesús P. Mena-Chalco, a quem agradecemos.
Além disso, agregou-se uma busca na base de patentes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para identificar quais desses pesquisadores usam proteção patentária, aspecto que não fez parte da publicação da PLOS. Agradecemos a colaboração do Pesquisador em Propriedade Industrial do INPI, Dr. Antônio Abrantes, por ter realizado o primeiro levantamento de patentes para este grupo de pesquisadores. Sua colaboração foi fundamental, obrigada.
O livro apresenta no primeiro capítulo a metodologia utilizada indicando: as bases de dados usadas; os softwares usados para depuração das bases de dados, análise e representação dos dados; a estratégia para coleta de dados e raspagem de dados (web scrapping); composição da base de dados, além do processo de depuração; e, apresenta a metodologia específica de cada capítulo em separado.
O segundo capítulo traz o perfil de todo grupo de pesquisadores com vinculação a instituições brasileiras, indicando onde nasceram; onde fizeram graduação e pós-graduação, mais especificamente o doutorado; a faixa etária em que se encontram; onde atuam hoje e em que áreas.
Nos capítulos III, IV e V são apresentadas análises quantitativas e qualitativas da produtividade dos pesquisadores por área de conhecimento, respectivamente, Ciências da Saúde e Ciências Biológicas; Engenharias, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias, e, Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas. Foram usados os índices: Artigos completos publicados em periódicos, livros e capítulos de livros. Os dados foram analisados para apresentar uma visão geral da produtividade de cada área como um todo. Além disso, foram destacados os cientistas de cada área do conhecimento com maior produção nesses mesmos índices, segundo informações obtidas nos Currículos Lattes. Cabendo salientar, que não estamos comparando a produtividade dos pesquisadores, apenas apresentando os que se destacaram, a partir dos dados que foram obtidos na metodologia traçada para este estudo. No Apêndice I apresentamos todos os cientistas do Brasil citados pelo ranking PLOS, indicando seu posicionamento no mesmo e a instituição a qual pertencem atualmente.
No capítulo VI foram analisados apenas os pesquisadores que depositaram pelo menos uma patente no INPI. E a partir da base de dados construída para tal, foram identificados os com maior número de depósitos de patentes. Nos Apêndices II (Ciências da Saúde e Ciências Biológicas) e III (Engenharias, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias) estão elencados todos os depósitos de patentes de cada pesquisador citado no ranking, indicando o número do documento, data de depósito, título e classificação internacional de patentes principal.
Por fim, o capítulo VII oferece nossas reflexões quanto aos pontos destacados ao longo dos capítulos. Embora, muitos outros aspectos pudessem ser analisados ou destacados a partir do conjunto de dados levantado, o livro traz o nosso olhar.
Agradecimentos especiais ao Prof. Dr. Jorge de Almeida Guimarães pela leitura crítica e pelas sugestões oferecidas. O seu olhar foi fundamental para o resultado final desta obra.
Cabe destacar que no Brasil existem inúmeros cientistas com expressiva notoriedade, mas que não se encontram no ranking analisado, e consequentemente, neste livro. Certamente estão em outros rankings, cujos indicadores e métricas capturam melhor as suas contribuições. Tudo depende dos indicadores e das métricas usadas, além da forma de expor as informações.
O importante aqui, no entanto, é que pesquisadores que atuam em instituições brasileiras conseguem ter visibilidade no meio científico mundial, sendo indicados como expoentes de suas respectivas áreas no Brasil, apesar dos inúmeros altos e baixos que o fomento à atividade sofreu ao longo do tempo.
Boa leitura!
Rita Pinheiro-Machado & Adelaide Antunes
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1 A primeira tentativa de medição da atividade científica no contexto geral ocorreu em 1930, na antiga União Soviética; nos Estados Unidos, as medições começaram em 1940, se consolidando a partir de 1950, com a criação da National Science Foundation (NSF) (LOZANO, R. S. Indicadores de los sistemas de Ciência, tecnologia e innovación. Revista de Economia Industrial, 343, p. 97-109, 2002/1. Disponível via https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=306200. Acesso em 18 dez. 2023.
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2 InCites é uma ferramenta online de avaliação de pesquisa baseada em citações, tendo por base o conjunto de dados da base Web of Science da Clarivate (Fonte: https://incites.clarivate.com).
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3 Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SIBiUSP). Indicadores e Métricas: como medir o desempenho de pesquisa? Disponível via: https://www.abcd.usp.br/noticias/indicadores-e-metricas-como-medir-o-desempenho-de-pesquisa/. Acesso em 18 dez. 2023.
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4 NASSI-CALÒ, L. Indicadores de produtividade científica em rankings universitários: critérios e metodologias [online]. SciELO em Perspectiva, 2013 [viewed 18 December 2023]. Available from: https://blog.scielo.org/blog/2013/08/15/indicadores-de-produtividade-cientifica-em-rankings-universitarios-criterios-e-metodologias/.
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5 Maiores informações via About Us – AD Scientific Index 2024. Acesso em 18 dez. 2023.
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6 Maiores informações via https://www.shanghairanking.com/rankings. Acesso em 18 dez. 2023.
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7 Maiores informações via Times Higher Education World University Rankings 2021 (hotcoursesabroad.com). Acesso em 18 dez. 2023.
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8 Clarivate. Highly Cited Researchers 2023. Disponível via https://clarivate.com/highly-cited-researchers/?action=clv_hcr_members_filter&clv-paged=2&clv-category=&clv-institution=&clv-region=Brazil&clv-name=&utm_medium=Referral&utm_source=sitezp-appzeppelini-com-br. Acesso em 18 dez. 2023.
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9 Maiores informações via Scopus | Abstract and citation database | Elsevier. Acesso em 18 dez. 2023.
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10 Ioannidis, J. P.A. October 2023 data-update for “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, Elsevier Data Repository, V6. Disponível via https://elsevier.digitalcommonsdata.com/datasets/btchxktzyw/6. Acesso em 18 dez. 2023.
Sumário
Metodologias de Pesquisa, Procedimentos e Ferramentas Computacionais
Rafael Cavalcante dos Santos, Henrique Koch Chaves, Jorge Lima de Magalhães e Rita Pinheiro-Machado
1.1 Bases de Dados: Fontes primárias de informação 30
1.2 Workflow de informações e análises 34
1.3 Metodologias utilizadas em cada capítulo 40
Cenário geral:Qual o perfil deste grupo?
2.1. Origem: Onde nasceram? 50
2.2. Faixa etária: Em que faixa etária eles se encontram hoje? 52
2.3. Graduação: Em quais instituições fizeram sua formação? 52
2.4. Pós-Graduação: Onde fizeram doutorado? 54
2.5. Filiação atual: Onde trabalham os pesquisadores? 57
2.6 Grau de mobilidade: Os pesquisadores estão longe ou perto de suas origens? 59
2.7 Áreas de Atuação e Produções Científicas 60
3.1. Grande Área: Ciências da Saúde 67
3.1.2. Pesquisadores de destaque da Grande-área: Ciências da Saúde 71
Área: Fisioterapia e Terapia Ocupacional 84
3.2 Grande Área: Ciências Biológicas 85
3.2.2 Pesquisadores de destaque da Grande-área: Ciências Biológicas 90
4.1 Grande Área: Engenharias 120
4.1.2 Pesquisadores de destaque da Grande-área: Engenharias 125
Área: Engenharia Aeroespacial 125
Área: Engenharia Biomédica 127
Área: Engenharia de Energia 130
Área: Engenharia de Materiais e Metalurgia 132
Área: Engenharia de Produção 136
Área: Engenharia Naval e Oceânica 141
Área: Engenharia Sanitária 144
4.2 Grande Área: Ciências Exatas e da Terra 146
4.2.2 Pesquisadores de destaque da Grande-área: Ciências Exatas e da Terra 150
Área: Ciência da Computação 154
4.3 Grande Área: Ciências Agrárias 163
Área: Ciência e Tecnologia de Alimentos 167
Área: Recursos Florestais e Engenharia Florestal 173
Área: Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca 177
5.1. Grande Área: Ciências Humanas e das Ciências Sociais Aplicadas 180
5.1.2 Pesquisadores de destaque da Grande-área: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 185
Área: Arquitetura & Urbanismo 188
5.2 Observações sobre Áreas de Ciências Humanas e das Ciências Sociais Aplicadas 194
Produção Patentária dos Pesquisadores do Brasil que se encontram no Ranking PLOS 2021
Rita Pinheiro-Machado, Luiz Gustavo Baptista e Rafael Cavalcante dos Santos
6.1 Pesquisadores Depositantes de Patentes e suas Instituições 196
6.2 Pesquisadores de destaque no depósito de patentes 202
Reflexões sobre os cientistas mais influentes do Brasil, segundo o ranking PLOS 2021
Rita Pinheiro-Machado e Adelaide Antunes
A.1 Relação dos Pesquisadores ligados ao Brasil mais influentes (PLOS) por ordem alfabética indicando a posição no ranking e sua instituição de filiação 223
A.2 Patentes de pesquisadores de destaque em Ciências da Saúde e Ciências Biológicas 249
A.3 Patentes de Pesquisadores de destaque na área de Engenharia, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias 283
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