"Um dos elementos fundamentais para o estudo e a reflexão sobre o lazer é o tempo. O que fazemos ou deixamos de fazer com o nosso tempo determina em grande medida a maneira como usufruímos o nosso lazer. Nos dias atuais, grande parte do nosso tempo é dedicado ao uso de dispositivos tecnológicos: computadores, tablets e smartphones vão aos poucos se tornando onipresentes no cotidiano de parcela cada vez maior da população.
Apesar desses efeitos visíveis, os estudos sobre o lazer ainda não assimilaram o assunto como parte de suas preocupações prioritárias, o que não deixa de ser surpreendente. O establishment acadêmico da especialidade no Brasil, que conta já com uma tradição mais ou menos bem constituída, ainda não tomou para si a missão de esquadrinhar as causas e consequências das novas tecnologias de comunicação sobre as estruturas de uso social do tempo.
Especialistas da área de comunicação, por outro lado, mais familiarizados com pesquisas sobre os usos de tecnologias informacionais, ainda parecem encarar os termos lazer ou tempo livre com certa desconfiança.
Nesse contexto, esforços de Rafael Fortes têm se destacado pela ousadia de ignorar preconceitos e transgredir fronteiras disciplinares. Este livro que o leitor tem em mãos é um excelente exemplo da originalidade que cerca iniciativas lideradas por Fortes. Ao seu lado, na organização da empreitada, Juliana de Alencar Viana, uma das que abraçou o desafio de estudar as formas como usamos as novas tecnologias de comunicação como parte dos nossos lazeres.
A eles se juntam outros pesquisadores da comunicação, da antropologia, da sociologia, da administração, da psicologia, dos estudos do lazer ou de alhures, cujo resultado final é estimulante e admirável, entrelaçando música, esportes, turismo, pornografia, videogames, sociabilidades virtuais e políticas governamentais.
Seria tentador dizer que tudo isso ajuda a entrever o futuro. Mas já não é o futuro que o leitor encontra aqui. É uma análise aguda e inventiva do presente – que está moldando decisivamente a forma como trabalhamos, descansamos e nos divertimos de agora em diante." (Cleber Dias)
SUMÁRIOApresentação 5
Mais-valia 2.0
Produção e apropriação de valor nas redes do capital 9
Marcos Dantas
O que as práticas de mods no game Pro Evolution Soccer
nos ensinam sobre a noção de entretenimento? 39
José Messias
Simone Pereira de Sá
Marketing digital e a gestão da informação sobre lazer
e recreação em sites de resorts 55
Gisele Maria Schwartz
Marília Amábile Guarizo
Nara Heloisa Rodrigues
Elisangela Gisele do Carmo
Renata Laudares Silva
Repressão, adaptação, reinvenção: o download
de música como lazer e negócio na internet (2006-2013) 91
Rafael Fortes
Juliana de Alencar Viana
Muito além do lazer versus trabalho: uma análise sobre
a cultura hacker e a dádiva de acessar, contribuir
e compartilhar na internet 121
Vicente Macedo de Aguiar
Partilha, performance e preconceito na economia das plataformas digitais 159
Rodrigo Saturnino
Das lan houses aos celulares: políticas públicas de inclusão digital e os usos da internet por adolescentes e jovens brasileiros 181
Olívia Bandeira
A produtividade digital dos torcedores de futebol brasileiros: formatos, motivações e abordagens 217
Ana Carolina Vimieiro
A interdição do estádio Engenhão em blogs jornalísticos 253
Rafael Fortes
Luiza Aguiar dos Anjos
Adolescentes entre celulares, tablets, consoles e
computadores: lazer, sociabilidade e burla 283
Guilherme Carvalho Franco da Silveira
Sex Entertainment: O sexo como diversão
na internet 323
Tiberio França
Comentários em fóruns e sites de notícias:
Uma maneira de interagir com o jogo Counter Strike 353
Rodrigo Lage Pereira Silva
Sobre os autores 371
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