Este é o terceiro (e último) volume da série de “fragmentos de velhas anotações”. Abrange os anos 1959-1970. Nesses anos, as anotações em meus cadernos tornaram-se cada vez mais raras e breves.
Lembrar que vivemos a “revolução de primeiro de abril (1964)” e que entre 1963 e 1969 enfrentamos diversas crises, responsáveis por inevitáveis desvios de atenção – agora voltada para temas diferentes dos costumeiros.
Em vez de anotações, passei a colar, nas páginas dos cadernos, diversos recortes de jornais – que descreviam acontecimentos com mais clareza e minúcia do que as minhas palavras.
Seis páginas de 1970 encerram os “diários”.
Enfim, é oportuno dizer que este volume – com material escrito em uma fase “difícil” (para o país e para a maioria das pessoas que aqui viveram) – contém, provavelmente, um exagerado número de informes de ordem pessoal, fugindo, pois, da tônica adotada nos volumes anteriores. Anotações de interesse literário ou social (dos antigos cadernos) quase desapareceram, em favor de reações pessoais, manifestadas diante das pequenas alegrias e dos pequenos dramas do dia a dia. Não omiti as reações pessoais, imaginando que talvez algumas também tenham sido “sentidas” por leitores que viveram aqueles anos críticos.
Na esperança de que a lembrança das ocorrências ainda preserve certo interesse, aqui ficam as páginas finais dos “cadernos”.
Se os dramas e as alegrias não agradarem, o remédio é simples: basta ignorar os itens desinteressantes e seguir adiante até o item que tenha algo capaz de captar atenção. Aos leitores que assim procederem, desde já, meus agradecimentos.
Da apresentação do volume anterior
Repetindo o que foi dito nas apresentações anteriores, cabe dizer que durante mais de quinze anos, com início em 1945, escrevi diversos “Cadernos de notas”. Nos pequenos volumes deixei observações, longas e breves, resumos de livros, “pensamentos sem rumo”, frases isoladas, anedotas, críticas, registros de incidentes e outros variados escritos – até poesias!
Folheando os Cadernos, no final de 2010, encontrei diversos trechos revistos com prazer. Resolvi divulgá-los, com a desculpa de que talvez agradassem a outros leitores, permitindo-lhes entender o que certos livros e certos acontecimentos significaram e, quem sabe, avaliar significados que possam ter adquirido nos dias de hoje.
Pensei em deixar as anotações como estavam, com as palavras grafadas segundo as regras daquele tempo. Percebi, porém, que isso não contaria com a aprovação de meus eventuais leitores. Ao esbarrar em ‘conciência’, ‘francezes’, ‘Machado de Assiz’, ‘dansa’, os leitores pensariam que os revisores da editora não haviam realizado seu trabalho com a desejável cautela. Por isso, algumas alterações se fizeram obrigatórias. Vocábulos “démodés” foram substituídos por outros, mais adequados aos olhos de hoje e algumas frases foram reescritas, a bem da clareza. Entretanto, sempre que possível, as modificações foram evitadas. A ordem cronológica foi respeitada, salvo, ocasionalmente, onde pareceu oportuno reunir, em um só item, duas ou três citações curtas.
É oportuno dizer que o primeiro volume de Mais palavras reúne dados de 1945 a 1948. O segundo, anotações de 1949 a 1958. Este volume contém o registrado em seguida, de 1959 em diante.
Se o leitor encontrar meia dúzia de páginas que provoque um sorriso ou um instante de reflexão, dar-me-ei por satisfeito, admitindo que a iniciativa – mesmo que “narcisista” – não foi em vão.
Leônidas Hegenberg
Dezembro de 2011
Avaliações
Não há comentários ainda.