O tema deste texto surgiu de uma série de observações e leituras ao longo dos últimos anos.
Começaram a surgir “explicações” para o comportamento do Ser Humano que eram atribuídas, principalmente, à Mecânica Quântica, tentando, por diversos argumentos, mostrar que esse comportamento já estaria previsto nas “bases” dessa área da Física.
A defesa era (e é), quase sempre, de um “determinismo absoluto”, no sentido árabe do Maktub (“estava escrito”).
Essas idéias começaram a ganhar corpo na Literatura, invadindo outras áreas de expressão como o cinema, em que temas que aparentemente contrariam o “senso comum” passaram a ser apresentados para justificar o comportamento humano.
Citam uma meia-dúzia de “conclusões” da Física, e, a partir daí, elaboram o que acreditam ser a “verdade”, e o pior, a difundem.
Assim, livros tratando do “aspecto quântico” do Ser Humano, filmes, artigos diversos sobre “múltiplas realidades” etc., proliferam hoje, sem nenhuma base filosófica ou científica.
Há que se afirmar que a existência de diversas “técnicas”, doutrinas, crenças, etc., que se propõem a “explicar” ou “disciplinar” o comportamento humano, como a Astrologia, a
Numerologia, a Quiromancia, as Cartas (Tarô), bem como as Religiões e Doutrinas Religiosas, influenciam o comportamento humano, mas, em minha opinião, sem base lógico-filosófica ou física que as justifique.
A adoção dessas práticas pode levar, sem dúvida, o Ser Humano a alterar seu comportamento frente a uma sociedade.
Resolvi então fazer uma análise sob o ponto de vista científico do “comportamento humano”.
Objetivamente, seria necessário estabelecer uma característica que fosse determinante no comportamento humano: escolhi o livre-arbítrio, já que nenhum representante do Reino Animal o manifesta, sendo, portanto, uma característica única do Ser Humano.
Entretanto, o Ser Humano faz parte do Universo, cada vez mais estudado e cada vez mais compreendido. As leis universais, sejam as relativas ao “macrocosmo”, seja ao “microcosmo”, nos mostram o “comportamento daquilo que existe no Universo”, plenamente lógico, plenamente entendível.
O Ser humano, que se situa entre esses extremos pode ser influenciado por essas “leis gerais”?
Essa é a razão deste texto.
Para tanto, optei por fazer uma revisão dos conceitos físicos, aliados, quando necessário a conceitos matemáticos, para dar uma visão de Determinismo (presente na Mecânica Clássica e na Relatividade), e de uma visão Probabilística (presente na Mecânica Quântica).
O Ser Humano vem a seguir.
Optei por introduzir dois conceitos (novos?), a saber, o de Ser Biológico e o de Ser Psicológico, para mostrar como as leis da Física (vale dizer, do Universo) contribuem para essa transformação por meio dos sentidos, únicas percepções que nos permite evoluir de um estágio para outro. Outras percepções serão aprendidas ou apreendidas.
Tomei como ponto de partida que as visões correntes no início do século passado abrangiam o macrocosmo (Relatividade) e o microcosmo (Mecânica Quântica). Essas escalas de explicação do Universo estão muito distantes daquilo que é experimentado pelo Ser Humano, que se situa, em seu dia-a-dia, em sua vida, aparentemente sem tomar conhecimento dessas escalas limites.
É aí que se situa a nossa análise: podem as leis do Universo, seja no microcosmo, seja no macrocosmo, ditar o nosso “comportamento”, o nosso “livre-arbítrio”?
Temos de analisar a própria construção do pensamento humano sobre aquilo que nos cerca, e que, de alguma maneira, nos condiciona, ou interfere, com os nossos hábitos, comportamentos etc. Mais importante nessa análise, é tentar mostrar como o nosso conhecimento evolui e, de maneira geral, propiciar novos desafios que precisam ser explicados à luz de novas teorias, novas concepções, novas revelações, todas contribuindo para o avanço da Ciência.
Uma das razões que me impulsionou nesta busca, de uma explicação mais abrangente, surge de uma idéia epistemológica, na qual se afirma que o Conhecimento Humano não é uma estrutura hierárquica, ou de formação em rede, ou de quaisquer outras estruturas, mas de uma concepção de que o Conhecimento se desenvolve como uma “malha”, na qual os “nodos” desta malha são, verdadeiramente, os “diversos pontos do conhecimento científico”. Nesta visão, não existe uma Ciência prevalente sobre as outras, todas são igualmente importantes, guardando suas características próprias, principalmente com relação aos seus próprios conceitos, dos quais decorrem suas conclusões e inferências. Entretanto, não dá para se isolar uma única área do Conhecimento, e depois tomá-la como paradigma, às demais, capaz de explicar tudo.
Uma inter-relação dos diversos conceitos, em um espectro bastante amplo das ciências, seria o desejável, para ampliarmos o Conhecimento Humano.
A questão do “livre-arbítrio” tem de ser analisada como uma evolução, que, em verdade, acompanha a evolução do nosso conhecimento do Mundo Físico, e, por indução (ou outro mecanismo de transmissão de informações, ou de conceitos), se transferiu para outras áreas do Conhecimento. Assim, é possível haver, não conflitos, mas interpretações diferentes, para aquilo que deveria ser de conhecimento universal.
Na visão do autor não há uma interpretação única sobre a questão (talvez nem possa haver, uma vez que, ao analisarmos a questão, somos impulsionados a campos diversos que tratam, por exemplo, da Religião, das Crenças, da Ética, do comportamento psicológico do Ser Humano etc.), o que foi um fator motivador para a proposta de escrever algo sobre o assunto.
Vamos responder a todas as questões colocadas? Seguramente não. Não é este o objetivo principal do presente texto. Queremos delinear um panorama no qual cada leitor possa aplicar o seu “livre-arbítrio”, para aceitar, ou refutar, as idéias aqui colocadas, mas, principalmente, criar condições para que este leitor possa “evoluir” na busca do Conhecimento, contribuindo com novas análises, novas teorias etc.
Sergio M. Levy
SUMÁRIO
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