Apresentação
A atuação do Sistema Sebrae em todo Brasil tem sido fortemente marcada nos últimos anos pela execução de projetos de estruturação, especialmente em agrupamentos de micro e pequenas empresas (MPEs), utilizando-se as diretrizes e a metodologia da gestão orientada para resultados.
Neste cenário busca-se valorizar dois aspectos fundamentais da moderna gestão de recursos públicos e privados para a promoção do desenvolvimento sócio-econômico, quais sejam, a transparência e a participação democrática dos atores envolvidos.
Acresce-se ainda um ingrediente fundamental que já tornou-se prática consolidada no SEBRAE: a necessidade de “cooperar para competir”, na convicção de que a união de esforços integrados das micro e pequenas empresas eleva a competitividade, além de facilitar ações de capacitação, de acesso à inovação tecnológica e à serviços financeiros e de maior inserção no mercado.
É evidente a necessidade permanente de desenvolver instrumentos analíticos e operacionais que permitam identificar o “estado da arte” relativo a essas coletividades empresariais, que são de natureza múltipla e dinâmica. A partir desses instrumentos analíticos, desde o final do século passado, em muitos países e também no Brasil, o fenômeno das aglomerações produtivas passou a chamar atenção como relevante força social capaz de “recolocar” regiões economicamente deprimidas e politicamente enfraquecidas no cenário das alternativas de promoção do desenvolvimento, notadamente com a combinação de ingredientes econômicos e sociais.
O Sebrae, atento ao que debatiam acadêmicos e policy makers sobre tais aglomerações, mobilizou-se no sentido de conhecer experiências internacionais e nacionais, ao mesmo tempo em que convidou especialistas brasileiros e estrangeiros para ajudá-lo na interpretação e compreensão das perspectivas que se abriam a partir de então, para aprimoramento da sua forma de atuar.
Na parceria, desde então estabelecida com a RedeSist, foi possível a construção de conhecimentos – teóricos e metodológicos – sobre o chamado fenômeno das aglomerações produtivas: os Arranjos Produtivos Locais ou, simplesmente, APLs. Foi vencida uma primeira etapa fundamental para o alinhamento das visões e percepções com outras agências de governo e organizações não-governamentais. A partir daí coube uma ampla disseminação interna dos conceitos e fundamentos que passaram a nortear as diretrizes estratégicas institucionais, além de municiar-nos com novos ingredientes que permitiram entender o papel das micro e pequenas empresas no cenário econômico e social, brasileiro e internacional. Mais uma vez contamos com a parceria didática dos pesquisadores e professores que integram a RedeSist.
Os estudos e discussões apresentados nesta obra representam uma imensa contribuição à compreensão desses fenômenos da dinâmica sócio-produtiva, ao mesmo tempo em que nos impactam com a clara mensagem de que estamos diante de um dado de realidade sobre a sociedade brasileira e, por que não dizer mundial. Realidades estas que colocam em evidência a urgente necessidade de reconhecimento dessas capacidades produtivas – que são econômicas, culturais, tecnológicas etc – enquanto novos objetos na promoção do desenvolvimento das sociedades. E para fazê-lo exige-se discernimento, para que o alvo de instrumentos e recursos não seja perdido. É, portanto, um novo modo de pensarmos o desenvolvimento e não uma moda conceitual e terminológica que a todos pode abrigar.
O desafio agora é a promoção de resultados concretos que se traduzam em manifestação do desenvolvimento, como a geração de renda, a ampliação das oportunidades de ocupação, a prospecção e disseminação de conhecimentos técnicos e tecnológicos e, naturalmente, a maior inserção nos mercados doméstico e internacional. Além de outras estratégias de desenvolvimento, governo e sociedade precisam tomar decisões firmes e claras sobre como promover e apoiar os Arranjos Produtivos Locais, assim identificados, pois que sugerem oportunidade ímpar na forma de inovar nas políticas e instrumentos que promovam o almejado desenvolvimento sustentável.
Incentivo a todos que naveguem nas páginas dessa publicação, pois o conhecimento é imprescindível para gerar riqueza.
Luiz Carlos Barboza
Diretor Técnico do Sebrae Nacional
Sumário
Apresentação
Introdução
1. Arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais: vantagens do enfoque
Helena M. M. Lastres, José E. Cassiolato e Renato Campos
2. Princípios de organização e desempenho de um modelo econômico agroindustrial emergente no centro-oeste: o caso do arranjo produtivo local da fécula de mandioca
Cleonice Alexandre Le Bourlegat
3. Pingo D’água: um arranjo inovativo no semi-árido do Ceará
Jair do Amaral Filho
4. O arranjo produtivo de frutas na região polarizada por Belém do Pará
Francisco de Assis Costa, Wanderlino Demétrio Castro de Andrade e Fábio Cunha Ficok da Silva
5. Estudo dos arranjos de mel e produtos apícolas de Picos e Teresina (Piauí): principais resultados e implicações de políticas
Francisco de Assis Veloso Filho, Darcet Costa Souza, Cláudia Maria Sabóia de Aquino e Sinevaldo Gonçalves de Moura
6. A sustentabilidade do arranjo produtivo de floricultura tropical de Manaus
Nelson Manuel de Campos e João Bosco Lissandro Reis Botelho
7. A experiência do arranjo produtivo florestal-moveleiro de Xapuri, Acre
José Porfiro da Silva, Cleide Glowaski, Maria Jeigiane Portela da Silva e Sheila Maria Palza Silva
8. Dinâmica produtiva e inovativa do APL de confecções da região de Jaraguá-GO
Sérgio Duarte de Castro
9. Oportunidades e desafios para o crescimento do arranjo produtivo de confecções de Natal
Lindaura Maria de Santana e Valdênia Apolinário
10. Inovatividade e cooperação no arranjo produtivo de confecções em Campina Grande-PB
Paulo Fernando Cavalcanti Filho e Lúcia Maria G. Moutinho
11. O arranjo produtivo de confecções de Tobias Barreto: potencialidades e estrangulamentos
Ricardo Lacerda de Melo e Dean Lee Hansen
12. Potencialidades competitivas inexploradas no arranjo produtivo turístico de São Luís
João Gonsalo de Moura
13. Dinâmica inovativa e políticas de inovação para o APL de Software do DF
Ana Maria Fernandes e Moisés Villamil Balestro
14. Políticas de promoção de arranjos produtivos locais no Brasil: evolução recente e desafios atuais
Cristina Lemos, Sarita Albagli e Marina Szapiro
15. Desafios do uso do enfoque em arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais no Brasil
Helena M. M. Lastres, José E. Cassiolato e Marcelo Matos
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